Estrutura diferenciada e equipe capacitada

Os transplantes de córnea já são uma rotina no Monte Sinai. O Hospital recebeu o credenciamento do Ministério da Saúde para captação e transplante de córneas nos últimos dias de 2013, depois de uma série de avaliações que confirmaram o atendimento aos requisitos da Vigilância Sanitária e do MG Transplantes. Atendendo aos planos de saúde, o serviço passou a ser uma nova referência na área para toda a Zona da Mata. Além do grande diferencial da estrutura é o centro cirúrgico oftalmológico exclusivo com equipamentos modernos, além da equipe capacitada.

A estrutura engloba sala própria de pré e pós-operatório e modernos equipamentos, como o Constellation Vision System, além do modelo mais avançado do OPMI Lumera – um microscópio que assegura aos pacientes alta precisão e profundidade de alcance, sem prejuízo de tecidos saudáveis.

Os médicos que realizam o transplante de córnea também precisam ser credenciados pelo Ministério da Saúde, e devem pertencer ao corpo clínico do hospital para que seja autorizado o procedimento.

Como funciona a regulação na região e o procedimento do transplante

O Banco de Olhos de Juiz de Fora é subordinado ao MG-Transplantes que, por sua vez, é ligado à rede FHEMIG. A fila para os candidatos a transplante é única, e quem controla a ordem de distribuição dos tecidos é a CNCDO (Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos) Regional Zona da Mata que funciona em outro hospital de Juiz de Fora e é o órgão representante do MG-Transplantes na cidade. O processo de captação e preparo do tecido corneano não tem relação direta com o ato cirúrgico do transplante, até porque a equipe que prepara o tecido não tem a informação de quem recebe esse tecido. Em que hospital, por qual convênio e outras variáveis do procedimento dependem de alguns fatores como: qual o plano de saúde do paciente, se o hospital trabalha com aquele plano, e se o médico pertence ao corpo clínico do hospital credenciado.

O procedimento é previsto no rol da ANS e, os pacientes possuidores de plano de saúde, normalmente, tem cobertura da cirurgia. O processo do transplante também não se restringe a cirurgia em si. Há um período complexo de acompanhamento do paciente que dura cerca de um ano e meio. São necessários exames mensais de topografia de córnea para realização da retirada dos pontos, faz-se o acompanhamento da pressão intraocular, cujo controle pode demandar colírios ou até mesmo cirurgias e, se há intercorrências, como soltura de pontos precocemente, por exemplo, que pode gerar reintervenção.

Patologias que demandam transplante

As principais doenças associadas à indicação do transplante são as patologias da córnea: ceratocone; ceratopatia bolhosa – um edema que ocorre na córnea muito comumente após cirurgias de catarata; leucomas – cicatrizes que se formam na córnea, que podem acontecer após infecções, por traumas, úlceras de córnea; ou uma úlcera de córnea resistente ao tratamento clinico. A indicação de um transplante de córnea deve ser feita por um especialista em córnea, mas a triagem prévia pode ser feita pelo oftalmologista geral. Não é raro uma possível indicação ao procedimento cirúrgico não se confirmar após exame mais detalhado por especialista. A ação do transplante cabe ao médico transplantador, que é quem vai fazer a avaliação correta e tomar as decisões para o sucesso do procedimento. Para a realização de transplantes de córnea é necessário subespecialização em córneas, feito após a residência médica e dura em média 1 ano.

O procedimento, riscos e contraindicações

Quem vai se candidatar à doação deve procurar um médico autorizado pelo Sistema Nacional de Transplantes a realizar transplantes de córnea (essa autorização é expedida pelo Ministério da Saúde através de portaria). Do consultório mesmo ele inscreve, online, o paciente na fila única. O transplante requer, em geral, anestesia local (com colírio próprio) e dura entre 40 minutos e uma hora. Raramente é feita anestesia geral, só em crianças ou em casos especiais.

Como em qualquer cirurgia há riscos e cita a possibilidade infecção pós-operatória como exemplo. A rejeição do enxerto é pouco comum e ocorre em menos de 1% dos casos, podendo ser controlada com uso de colírios apropriados. Mas se houver uma falência primária do enxerto, trata-se como urgência, e o paciente retorna como primeiro da fila.

Fila cada vez mais rápida

Para haver a liberação de um tecido corneano para transplante faz-se necessária uma avaliação minuciosa que envolve desde a análise do doador (triagem sorológica para HIV, hepatites B e C, e rastreamento clínico de doenças) até o exame da córnea para descartar doenças que inviabilizem o sucesso do transplante. Uma vantagem do transplante de córnea em relação aos de outros órgãos é que o tecido corneano pode ser captado até seis horas após o óbito do paciente, enquanto que para rim ou coração, por exemplo, deve haver a morte encefálica, mas não o óbito com parada cardíaca.

Mas a boa notícia é que a fila para receber a doação de córneas está cada vez menor. Hoje, na Zona da Mata, a média de espera é de 30 dias. O ritmo das doações é resultado de um bom trabalho que o Banco de Olhos tem feito junto com o MG Transplantes e da conscientização crescente da sociedade, sem contar a qualidade da abordagem das equipes especializadas.