Recentemente, um avanço significativo na medicina regenerativa trouxe esperança para pacientes com danos severos na córnea, a parte transparente do olho que cobre a pupila. Pela primeira vez, cientistas conseguiram restaurar a visão desses pacientes através de um inovador transplante de células-tronco, conforme publicado na renomada revista científica The Lancet.
O Problema e a Solução Inovadora
A deficiência de células-tronco limbares (LSCD) é uma condição que leva à opacificação da córnea, resultando em cegueira. As causas dessa deficiência incluem traumas oculares, infecções como herpes ocular, doenças autoimunes e problemas genéticos. Tradicionalmente, os tratamentos envolvem o transplante de células da córnea de um olho saudável do próprio paciente ou, quando ambos os olhos são afetados, o uso de córneas de doadores falecidos. No entanto, esses métodos apresentam desafios, como a necessidade de biópsia invasiva e o risco de rejeição imunológica.
O novo procedimento utiliza células-tronco pluripotentes induzidas, uma técnica revolucionária baseada nas pesquisas de Shinya Yamanaka e John Gurdon, que receberam o Prêmio Nobel em 2012. Eles demonstraram que é possível reprogramar células maduras para um estado semelhante ao das células-tronco embrionárias, capazes de se transformar em qualquer tipo de célula.
O processo de transplante
No estudo, os cientistas reprogramaram células do sangue de um doador saudável para um estado embrionário e as transformaram em células do revestimento da córnea. Durante a cirurgia, o tecido cicatricial que cobria a córnea danificada foi removido, e uma camada de células epiteliais cultivadas em laboratório foi transplantada para a área afetada. Para proteger o enxerto e promover a cicatrização, uma lente de contato terapêutica foi aplicada sobre a córnea.
Resultados promissores
O procedimento foi realizado em quatro pacientes, dos quais três apresentaram melhorias significativas e duradouras após um ano. O quarto paciente, com um quadro mais grave, também experimentou alguma melhora. Este avanço não só demonstra a eficácia do uso de células-tronco pluripotentes induzidas, mas também reduz a necessidade de doadores compatíveis, minimizando o risco de rejeição.
Este desenvolvimento marca um passo importante na medicina regenerativa, oferecendo uma nova esperança para aqueles que sofrem de deficiência de células-tronco limbares. Com mais pesquisas e testes, essa técnica pode se tornar um tratamento padrão, transformando a vida de muitos pacientes ao redor do mundo.
Fonte: Agência Estado
