Janeiro, férias escolares, crianças em casa... É comum o aumento de acidentes domésticos com crianças neste período. Mas a realidade do último ano é ainda mais difícil: o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19. A médica Rosa Maria Nunes Santos, coordenadora do setor de Pediatria da Emergência e Pronto Atendimento do Hospital Monte Sinai fala a respeito do problema, dá dicas e ensina os pais a ficarem alertas sobre o que fazer em casos pontuais. Acompanhe:
É comum o aumento de acidentes domésticos com crianças nas férias escolares, certo?
Sim, nas férias as crianças ficam mais em casa e existe um aumento significativo dos acidentes domésticos. Os períodos nos quais a incidência de acidentes cresce são durante as férias escolares, nos fins de semana e no verão. As crianças são, naturalmente, curiosas e desconhecem as consequências de muitas situações de perigo. No Brasil, os acidentes representam a principal causa de morte em crianças de um a 14 anos.
Mesmo na fase Covid, com as crianças em casa há dez meses, isso ainda é uma realidade?
Acidentes domésticos e traumas estão sendo cada vez mais frequentes neste período de pandemia. A Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgou que os acidentes domésticos, em especial as queimaduras, tiveram um acréscimo de mais ou menos 30%. O isolamento é difícil para o adulto, e ainda mais desafiador para as crianças, que perdem sua rotina e ficam, muitas vezes, sem o convívio de outras crianças.
Quais os acidentes mais comuns?
As quedas representam a maioria dos casos, seguidas por queimaduras e intoxicações. As lesões mais graves estão relacionadas ao calor e quedas de alguma altura. O tipo de acidente tem uma relação direta com a idade da criança.
Como saber se procurar um pronto atendimento/emergência é fundamental?
Todos os tipos de acidentes merecem observação. Queimaduras, choques, afogamentos, traumas e intoxicações devem ser avaliadas pelo pediatra.
SAIBA O QUE FAZER NO CASO DE:
Queimaduras
Lavar a área com água corrente em grande quantidade, não passar pasta de dente, pomadas ou outras medicações no local.
Quedas (sem fraturas aparentes)
Nas quedas deve-se observar presença de sonolência, vômitos, desmaios. Casos em que se deverá ser encaminhado rapidamente ao serviço de urgência.
Cortes
Devem ser lavados com água corrente e verificar a necessidade de sutura e a situação vacinal.
Engolir objetos
Em caso dela engolir objetos pequenos, sem sintomas, normalmente deve-se observar se é eliminado nas fezes sem uso de laxantes ou outras medicações.
Na presença de tosse, falta de ar, dificuldade de engolir ou salivação aumentada deve ser levada imediatamente ao pronto atendimento.
Se ingerir medicações, materiais de limpeza, plantas
Todas estas situações devem sempre ser avaliadas pelo médico. E importante que não se provoque vômitos, nem dê leite ou outras líquidos, mesmo no momento de aflição.
A criança deve ser levada ao hospital com o frasco, bula ou outra referência que possa identificar o material ingerido ou inalado.
RECOMENDAÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA
Os pais e/ou responsáveis devem adotar algumas atitudes, como supervisão constante e atenta. Estarem cientes dos perigos e riscos, além de conhecerem as fases do desenvolvimento de seu filho ou da criança que monitora.
É fundamental lembrar que em casa é onde a criança fica a maior parte do tempo e ela deve ser segura.
O tema dos acidentes é um problema de saúde pública, nem sempre bem cuidado. Mas 90% dos acidentes domésticos poderiam ser evitados. A prevenção de suas ocorrências deveria ser de conhecimento de todos os profissionais, assim como de todas as famílias.
Um grande erro dos pais é subestimar a capacidade dos pequenos, por acharem que eles são novos demais para fazerem determinada ação. Por isso, a palavra chave é prevenção.
Prevenção é um ato de amor!
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