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Implante ósseo recupera audição de paciente
Uma cirurgia de prótese auditiva ancorada ao osso foi realizada, pela primeira vez no Monte Sinai, pela equipe dos otorrinolaringologistas Antônio Bartolomeu Dias e Liora Gonik, usando a tecnologia Osia® 2. A técnica foi realizada em intervenção bilateral simultânea numa paciente com perda auditiva em função de uma infecção crônica. O procedimento está no rol da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
Ao contrário do implante coclear – que conecta um eletrodo que substitui o nervo o implante ósseo está acessível a pacientes que tiveram problema crônico ou perderam a audição por alguma doença ou outro motivo com a idade, mas que tem preservada a estrutura neurossensorial em pelo menos um dos ouvidos.
A paciente mais recente não tinha o tímpano, a bigorna e o martelo em decorrência de infecção e não se adaptou a aparelhos auditivos (sempre a primeira alternativa antes de uma intervenção cirúrgica) porque as cavidades auriculares também foram afetadas. E, por isso, no caso dela, o implante foi bilateral.
Dr. Antônio explica que este é um procedimento recente, com cerca de quatro anos de prática no Brasil. Para este caso, contou com a supervisão do especialista Rogério Hamerschmidt, Chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do HC/UFPR. A equipe local realiza o procedimento há dois anos e este é seu sétimo caso.
Como funciona a audição normal e como a tecnologia ajuda o paciente?
Todo som chega ao ouvido por uma onda. O tímpano a recebe, vibra a bigorna, que vibra o martelo, que vibra o estribo e transforma a onda em impulso elétrico para o nervo e o cérebro identifica/classifica cada som. Se há perda destas estruturas nesta cadeia de transmissão, o osso pode conduzir a onda sonora que é captada diretamente para o nervo, e esta tecnologia tem nas suas estruturas um captador (implantado no osso), o som é levado por um transmissor ao processador conectado diretamente no nervo.
Mesmo se o procedimento for feito em um dos ouvidos, o paciente vai recuperar a audição bilateral, pois ao utilizar a tecnologia chamada piezoeletricidade, o som é conduzido pelo osso para o nervo diretamente, sem precisar das estruturas do ouvido. O som chega ao processador (Osia® 2), captado pela bobina de titânio, implantada atrás da orelha, e é transmitido ao nervo. Ou seja, é formada uma nova cadeia de transmissão da onda sonora que se baseia no osso (que é um condutor melhor que o ar) para transformar o som em impulso elétrico. E este processo “engana o cérebro”, pois mesmo com perda neurosensorial em um dos ouvidos, a técnica restaura a audição pelo lado contralateral também.
Dr. Antônio explica que, em geral, os pacientes sem bilateralidade têm uma grande fadiga auditiva, pois passa o tempo todo buscando a fonte sonora. A tecnologia usa a capacidade natural do corpo para transmitir o som através do osso, melhorando a audição inclusive nas condições mais barulhentas. O processo é minimamente invasivo e o aparelho é discreto, mas mantém, como todos os demais, uma estrutura externa por causa da bateria que alimenta o sistema de transmissão. Ele é ativado 30 dias após o implante (tempo de consolidação do osso) e o resultado tem sido relatado como excelente pela maioria dos pacientes.