Cardiologia pediátrica do Monte Sinai realiza procedimento inédito em Minas

Pela primeira vez em Minas Gerais, um procedimento garantiu a sobrevivência de um paciente que ficou por quatro dias com o coração sendo bombeado por um dispositivo mecânico. O ECMO (sigla em inglês para Oxigenador de Membrana Extracorpórea) é um dispositivo que, conectado ao corpo de um paciente em falência cardíaca, auxilia nas funções do coração e do pulmão, oxigenando e bombeando o sangue. Até então, o procedimento era realizado somente em grandes centros do país por ser de alta complexidade e requerer uma equipe médica capacitada para esta situação.

O fato ocorreu no início de junho, quando o paciente T.S.R., de apenas 8 anos, morador de Cataguases, foi internado no Hospital Monte Sinai, correndo o risco de morte súbita por causa de uma obstrução na via de saída do coração. A anormalidade havia sido detectada há seis meses. T.S.R. recebeu alta na sexta-feira, 1º de julho, recuperado e sorridente depois de uma longa batalha pela vida.

O garoto passou pela correção cirúrgica, contudo o coração apresentou falha nos batimentos e não conseguia bombear sangue suficiente para todo o corpo. Após uma parada cardiorrespiratória, ocorrida depois do procedimento de correção da obstrução na via de saída do coração, o tórax do menino foi reaberto e naquele momento ele já foi ligado a um ECMO comum, que é utilizado em cirurgias cardíacas. No dia seguinte, T.S.R. foi ligado a um ECMO específico para pacientes em estado crítico e que estejam na UTI, onde permaneceu durante quatro dias.

Ainda no centro cirúrgico, o menino teve uma parada cardíaca e foi socorrido pela equipe liderada pelos médicos Dr. Leonardo Miana, cirurgião cardíaco, Drª Sara Guedes, cardiologista infantil e anestesiologista Dr. Giovane Monteiro. O tórax da criança foi novamente aberto e cânulas foram colocadas no coração para desviar o sangue para dentro do dispositivo de ECMO, auxiliando na recuperação dos batimentos. O tórax permaneceu aberto por quatro dias, apenas recoberto com uma membrana esterilizada para prevenir infecções.

Neste período, vários profissionais da equipe da UTI pediátrica do Hospital Monte Sinai se revezaram no cuidado intensivo e especializado que este paciente requereu. Após a plena recuperação dos batimentos o dispositivo pode ser desconectado e o tórax do paciente suturado. Este dispositivo pode salvar vidas de pacientes portadores de vários tipos de falência cardíaca e pulmonar, ressalta Dr. Leonardo Miana, cirurgião cardíaco do Hospital Monte Sinai.

Humanização e aporte tecnológico

Durante os quatro dias em que ficou ligado à ECMO na UTI pediátrica do Monte Sinai, com o tórax aberto, e nas semanas seguintes recebendo cuidados intensivos por uma equipe multiprofissional e monitorização invasiva de alta tecnologia, a equipe chamou a atenção de todo hospital pelo empenho no caso T.S.R.

O cirurgião garante que, com exceção do Rio de Janeiro e de São Paulo, poucas capitais ou cidades de grande porte realizam esse procedimento. É necessário que o hospital tenha toda uma infraestrutura física e de pessoal. Só na transferência do paciente do centro cirúrgico para a UTI dezoito pessoas se mobilizaram para transportar os equipamentos e manter o menino vivo até a chegada do ECMO, adquirida pelo Hospital em caráter de urgência, como último recurso para reverter o gravíssimo quadro.

Drª Sara Guedes, que também é uma das especialistas do setor de Ecocardiografia do Monte Sinai, indicada pelo pediatra do menino para concluir o diagnóstico e tratamento, também participou do conselho médico que levou a equipe a optar pela ECMO. A médica realizou um ecocardiograma intraoperatório para garantir que o pequeno coração tivesse chances de recuperação. Ela se emociona ao relatar o envolvimento de toda equipe multidisciplinar da UTI e do Dr. Leonardo Miana, que se mobilizaram, dobrando plantões e com toda a equipe e se revezando nos momentos mais críticos.

Depois de um procedimento tão complexo, a recuperação em um caso como esse, não depende somente do suporte tecnológico avançado, mas principalmente de uma equipe experiente, comprometida, sincronizada e humanizada, peça fundamental para que ele deixasse o hospital tão bem, reforçam as supervisoras da UTI pediátrica, Drª Flávia Cristina de Carvalho Mrad e Drª Heloisa Adriane de Castro Baraky.

T.S.R., que ainda depende de cuidados e acompanhamento de especialistas até estar 100% recuperado. A correção cirúrgica ficou perfeita e, provavelmente, a criança não necessitará outra cirurgia cardíaca.

O paciente recebeu além da assistência médico-hospitalar de alto padrão, suporte psicológico e atenção da equipe de fisioterapia, que além de estimulação pulmonar, muito associada a cardiopatias como esta, realizou diariamente exercícios para reduzir a perda muscular comum num paciente crítico acamado por tal período. Tanta atenção foi indispensável para que a família levasse a criança de volta a Cataguases, com um enorme sorriso no rosto, no dia 1º de julho. O pai, Sandro de Freitas Ribeiro, elogiou o excelente trabalho da equipe do Monte Sinai, se recusando a destacar o que mais o surpreendeu. Eu seria injusto ao tentar fazer isso, tudo e todos aqui foram nota 100, reforça.