Cada minuto conta
O AVC (Acidente Vascular Cerebral) mata uma pessoa a cada 6 segundos no mundo e ainda é uma das maiores causas de incapacidade, com estimativa de 26 milhões de pessoas com sequelas em função da doença. E este grande desafio de saúde é maior nos países em desenvolvimento, que concentram 85% dos casos mundiais, porque os serviços de saúde pública são menos efetivos, com mais dificuldades de disseminação da importância do reconhecimento dos sintomas, socorro rápido, diagnóstico e tratamentos adequados.
Para atender especificamente este tipo de paciente, o Hospital Monte Sinai possui quatro leitos exclusivos dentro da Unidade de Terapia Intensiva, com uma estrutura que visa a garantir um fluxo correto de todo este processo, inclusive quando o episódio acontece com paciente internado. O fluxo tem grande ênfase nos cuidados iniciais na Emergência, e quem explica como funciona é o neurologista Bruno Barbosa, um dos responsáveis pela Unidade.
Além da área física e de suporte disponível no hospital, o treinamento dos profissionais foi o maior investimento do processo, inclusive para pessoal de apoio, para minimizar gargalos no atendimento, desde a admissão do paciente até seu encaminhamento para a Unidade.
Fluxograma de atendimento tem suporte de projeto mundial
Para dar suporte à nova Unidade de AVC, foi montada uma grande operação visando dar agilidade e eficácia ao socorro. Um fluxo de atendimento foi especialmente desenhado para a área assistencial, após visitas de benchmarking para conhecer os centros mais eficientes no país. E, o principal, um intenso programa de treinamento foi desenvolvido para que todas as pessoas (dos setores administrativos e assistenciais) que precisam atuar, minimizem a perda de tempo e utilizem recursos e prazos corretamente. O foco é garantir que o paciente seja atendido no tempo certo e receba o tratamento adequado, ampliando a chance de sobrevida e risco de sequelas.
O treinamento também focou em disseminar, para o maior número de pessoas, a identificação correta da patologia e encaminhar o paciente para o cuidado adequado até que ele seja encaminhado à Unidade.
E outro importante suporte para o funcionamento do fluxo foi a adesão do Hospital Monte Sinai a um projeto com estrutura mundial, o Angels (Protocolo de AVC) que, além de outras ferramentas, disponibiliza um aplicativo (Join) que conecta tablets e celulares da equipe assistencial, agilizando o fluxo.
O início do processo é marcado pela Enfermagem. Logo que o paciente chega à Emergência, ele é submetido ao protocolo para facilitar a velocidade diagnóstica – com exames clínicos e de imagem – buscando um atendimento padronizado e ideal”, explica Bruno Barbosa. O aplicativo também permite que o especialista analise, pelo celular, o exame de imagem e conduza o procedimento antes mesmo de chegar ao hospital.
Uma vez, internado, o paciente vai receber, na Unidade de AVC, acompanhamento multidisciplinar – por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos e nutricionistas, além da equipe médica -, e cuidados focados neste tipo de paciente, visando encaminhamento cirúrgico, se necessário, ou restabelecimento do paciente para a alta.
Estrutura é indispensável para atendimento adequado
O AVC é consequência de uma alteração na circulação de sangue em uma parte do cérebro. Pode ser isquêmico (quando falta sangue) ou hemorrágico (quando derrama sangue). Em qualquer destas situações as células do cérebro podem ser lesionadas ou morrerem. A lesão pode ter as mais variadas extensões, depende de onde acontece no cérebro, podendo afetar a fala, o movimento e provocar outras sequelas. Entender as condições clínicas em que o paciente está é fundamental para socorrer com agilidade e também para local adequado. O hospital precisa ter condições de intervir, com a medicação ou o procedimento mais adequado, logo que o diagnóstico for confirmado. Pode não haver tempo para outro deslocamento.
É fundamental que o hospital para onde o paciente é levado tenha tomografia disponível 24h, caso seja indicada a trombólise (tipo de tratamento com medicamento para dissolver o coágulo em AVC isquêmico). O paciente também pode se beneficiar de tratamento minimamente invasivo por cateterismo pelos recursos da Neurorradiologia Intervencionista, em um Serviço de Hemodinâmica bem estruturado.
O tempo entre os primeiros sintomas e o início do tratamento sempre vai ser determinante na recuperação do paciente de AVC, portanto, o ideal para este socorro é chamar o SAMU (192). Além de preparado para os primeiros procedimentos, o serviço vai saber direcionar para a unidade mais capacitada para o atendimento.
Sinais do AVC
- Boca torta
- Perda de força
- Dificuldade de fala
- Alteração súbita da visão
- Confusão mental
Se suspeitar dos sintomas, chame o Samu (192). Cada minuto conta.