Cirurgia Bariátrica e Metabólica: para quem e quando?

Conheça os tipos, indicações e vantagens do procedimento

A Cirurgia Bariátrica torna-se cada dia mais conhecida, mas ainda gera muitas outras dúvidas nos pacientes com algum grau de obesidade. E além disso, ela também é chamada cirurgia bariátrica metabólica, despertando a atenção de quem sofre com a diabetes. Quem explica a diferença entre as duas e tira as dúvidas sobre os diversos aspectos pré, peri e pós-procedimento é o cirurgião, especialista neste procedimento, Dr. Victor Cangussu. Acompanhe a entrevista:

Há novos fatores de classificação para pacientes que podem realizar a cirurgia bariátrica?

Os critérios de indicação da cirurgia bariátrica estão mantidos, ou seja, pacientes com índice de massa corpórea (IMC) entre 35 e 40 kg/m2, que possuem alguma comorbidade associada à obesidade (diabetes, hipertensão arterial, doenças articulares, distúrbios do humor e do sono entre outros) ou pacientes com IMC igual ou maior que 40 kg/m2, mesmo que não possuam nenhuma comorbidade. Um detalhe importante é que essa pessoa tenha tentado a perda de peso através de tratamentos clínicos (dieta, atividade física e/ou medicamentos) por pelo menos 2 anos.

Quais as principais técnicas disponíveis hoje?

Atualmente, duas técnicas se destacam mundialmente, a Gastrectomia Vertical, conhecida como Sleeve, e o Bypass Gástrico. Elas representam mais de 90% dos procedimentos realizados. A principal diferença entre elas é que no Sleeve não há alteração na anatomia do intestino, ou seja, é uma alteração exclusivamente do estômago. Realizamos um grampeamento gástrico, retirando uma porção do estômago na sua grande curvatura, com consequente redução da sua capacidade. No Bypass, além da redução no estômago, que é um pouco diferente da que é realizada no Sleeve, confeccionamos um desvio intestinal para associar o mecanismo de disabsorção alimentar, que será importante para o emagrecimento do paciente.

E como cada uma é indicada a um tipo ou outro de paciente?

A indicação da técnica cirúrgica depende primariamente do perfil do paciente, mas também da equipe médica. É uma decisão que deve ser tomada em conjunto. De maneira geral, os pacientes que têm IMC mais elevado, principalmente se acima de 45 kg/m2, e os portadores de diabetes tipo II ou doença do refluxo gastro-esofágico se beneficiam mais do Bypass Gástrico, enquanto que os demais pacientes apresentam bons resultados com o Sleeve. É importante considerarmos todas as variáveis e apresentarmos ao paciente as possibilidades, com seus respectivos pontos positivos e negativos.

Qual a diferença entre cirurgia bariátrica e metabólica?

A grande diferença é o objetivo da cirurgia. Na cirurgia bariátrica o foco é a perda de peso, enquanto a cirurgia metabólica busca a remissão do diabetes. Tecnicamente a cirurgia é a mesma que é realizada como bariátrica, sendo o Bypass Gástrico a primeira escolha. O critério da cirurgia metabólica difere da cirurgia bariátrica porque inclui pacientes portadores de obesidade grau I, ou seja com IMC entre 30 e 35 kg/m2, e que tenham diabetes de difícil controle apesar do uso otimizado de medicamentos. A indicação cirúrgica para metabólica precisa ser ratificada por dois endocrinologistas, que avaliarão ainda alguns critérios temporais da doença.

Quais as principais vantagens da cirurgia além da perda de peso?

Além da perda de peso após a cirurgia bariátrica, outros benefícios para o paciente são a resolução das comorbidades, ganho em qualidade de vida e redução da morbimortalidade. Alguns estudos mostram que o paciente pode apresentar remissão do diabetes em até 98% e da hipertensão arterial em até 77% dos casos. Os questionários aplicados aos pacientes para avaliar satisfação após a cirurgia, mostram 95% de resultados positivos. E os índices de mortalidade são reduzidos em até 89% em um período de 5 anos. Portanto, o efeito da cirurgia bariátrica é muito mais amplo que apenas a perda de peso na balança, observamos um ganho na saúde do indivíduo como um todo.