Monte Sinai realiza encontro sobre Medicina Regenerativa

As células-tronco mesenquimais possuem capacidade para reparar e reconstruir tecidos sólidos do corpo humano o que, consequentemente, pode vir a ser uma promessa de mais longevidade e qualidade de vida às pessoas.

Inúmeros estudos e ensaios clínicos são realizados no país e no mundo com o objetivo de comprovar que é possível promover a cura e proporcionar melhor qualidade de vida às pessoas com a terapia celular.

O Brasil, na vanguarda, já apresenta resultados entusiasmantes vindos de cientistas, pesquisadores e instituições públicas e privadas que se empenham em analisar, estudar e processar as células-tronco mesenquimais encontradas no dente, tecido adiposo e no céu da boca (periósteo do palato). Um exemplo é o trabalho da cirurgiã-dentista, pesquisadora e geneticista Daniela Bueno, que utiliza células-tronco para tratar fissura labiopalatina em crianças, uma malformação que acontece no início da gestação, entre a quarta e a décima segunda semana e pode acometer os lábios superiores e o palato (céu da boca).

Em 2012, por intermédio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) de bioengenharia de tecido para portadores de malformações craniofaciais, no Hospital Sírio-Libanês, Bueno iniciou uma pesquisa para tratar a fissura labiopalatina. De lá para cá, mesmo ainda em caráter experimental, já ajudou 64 crianças.

Tecido adiposo

Outro destaque para o Brasil no uso das células-tronco como terapia vem dos médicos Túlio Navarro, Alan Dardik, da pesquisadora Lara Lellis Minchillo e da bióloga Lucíola Barcelos. O trabalho deles com as células-tronco adquiridas do tecido adiposo, elaborado por meio de uma parceria entre a Faculdade de Medicina da UFMG, a Universidade de Yale (EUA) e o Instituto de Ciências Biológicas (IBC), da UFMG, evitou, em 2019, pela primeira vez no mundo, a amputação de paciente de cirurgia vascular diabética.

Parceria

Diante desse cenário e das apostas promissoras para beneficiar a população de forma igualitária, nascem importantes parcerias. De um lado, a R-Crio – Centro de Processamento Celular, especializado em isolamento, expansão e armazenamento de células-tronco mesenquimais em condições de uso para tratamentos de saúde, sediada em Campinas (SP), e a ANADEM – Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética – que ganham como parceiro, em Juiz de Fora (MG), o Hospital Monte Sinai, referência em inovação na área médico-hospitalar. Juntos, pretendem implantar um centro de coleta de células-tronco na região, na busca por consolidá-la como um polo especializado em terapia celular.

No local, além da extração das células-tronco, cujo posto de coleta funcionará no Centro Médico Monte Sinai – e terá o nome de Monte Sinai Células-Tronco, também estará o cadastro de pacientes e análises das patologiaspara que possam ser direcionados aos médicos que estejam envolvidos em estudos clínicos com as células-tronco. Além disso, aindaservirá para que profissionais – médicos e cirurgiões-dentistas – possam realizar coletas, pesquisase estudos.

“Uma parceria em prol da ciência e do desenvolvimento. Temos o desejo legítimo de contribuir significativamente e como vanguarda em saúde para que o binômio longevidade com qualidade de vida associada, efetivamente, esteja ao alcance da ciência, da clínica e da sociedade. Queremos ampliar as possibilidades de armazenamento desse medicamento biológico já em condições de uso e em quantidades suficientes para atender ao tratamento das principais doenças agudo-degenerativas, respeitando as condições regulatórias para o uso”, explica o cientista José Ricardo Muniz Ferreira, líder da R-Crio.

O diretor de novos negócios do Hospital Monte Sinai, o cardiologista Dr. Gustavo Ramalho, afirma que a medicina do futuro compreende muitas inovações como a medicina regenerativa, nanotecnologia, telemedicina, inteligência artificial, modulação genética, entre outros. “Este projeto insere o Hospital Monte Sinai no que há de mais novo em termos da medicina regenerativa, que tem como uma das preocupações tratar as consequências advindas no processo de envelhecimento. Creio que a meta de todos nós é viver muito e com saúde”, relata. Recentemente, o Brasil, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) nº RDC 505/2021, elaborada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ganhou novas regras para registros de produtos classificados como terapias avançadas (produto de terapias celulares, de terapias gênicas e de engenharia tecidual), que garante ao país a oportunidade e novas perspectivas de desenvolvimento nessa área.