Quando a asma vira uma urgência/emergência?

A asma é uma doença muito prevalente. Estima-se que afete 23% dos adultos de 18 a 45 anos no Brasil. É uma doença complexa e heterogênea, podendo manifestar-se de formas distintas, porém em geral cursa com episódios recorrentes de tosse, sibilância (“chiado no peito”) e falta de ar, em intensidades variáveis, que pioram a qualidade de vida dos pacientes. É responsável por alto índice de faltas em escolas e trabalhos. O tratamento de manutenção tem como base o uso de corticoide inalatório, podendo ser associado a broncodilatador ou não.

“Infelizmente, ainda temos 2 mil óbitos potencialmente evitáveis por asma no Brasil todos os anos. A percepção errada de que a asma merece tratamento apenas nas crises de falta de ar é um dos fatores que mais contribuem para as complicações da doença”, alerta a Dra. Lilian Ballini, coordenadora da Comissão Científica de Asma da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. O acompanhamento médico, o uso regular das medicações prescritas e a redução de fatores de risco são fundamentais para o controle dos sintomas e prevenção de exacerbações.


E o que é uma exacerbação ou crise asmática?


A crise asmática é caracterizada por piora aguda dos sintomas respiratórios, tais como falta de ar e chiado no peito, podendo ser caracterizada como crise leve, moderada ou grave, chegando a causar insuficiência respiratória e até óbito nos casos mais graves. Sendo assim, pode necessitar de atendimento médico imediato, principalmente se sinais de piora clínica, como confusão mental, rebaixamento do nível de consciência e tórax silencioso (obstrução tão grave ao fluxo aéreo, que é insuficiente para gerar o típico chiado – sibilância), pois tais achados denotam maior risco à vida.

Por isso, não negligencie seus sintomas. Somente uma avaliação clínica pode definir a gravidade da crise e, dependendo da gravida, o paciente será tratado ambulatorialmente (em casa), em enfermaria ou em CTI. Em geral, o paciente mantém as medicações de uso contínuo, mas faz-se necessário iniciar terapia com corticoide oral e otimizar os broncodilatadores (as famosas “bombinhas”).

Antibióticos raramente são necessários. Geralmente a crise aguda é desencadeada por infecções virais, exposição ocupacional, alergia a alimentos ou alérgenos ambientais e até mudanças climáticas.
Um asmático deve sempre ser orientado por seu médico especialista sobre como proceder em crises habituais. O medicamento broncodilatador deve estar sempre à mão!

Se estiver distante de um local com emergência adequada, mantenha o uso de seu medicamento broncodilatador de resgate de 20 em 20 minutos até melhora dos sintomas ou até conseguir avaliação médica. E o mais importante, tenha sempre em mãos o plano terapêutico orientado por seu médico!

Dra.Laura Spadarotto Sertório

Pneumologista e Médica da Emergência e Pronto Atendimento do Hospital Monte Sinai