Terapia VNS é aliada no controle da Epilepsia refrativa

 A terapia de estimulação do nervo vago (do inglês VNS therapy) é um recurso de alta tecnologia, indicado para pacientes de Epilepsia refratária a tratamento, resistente a medicação. A técnica já está sendo utilizada no Monte Sinai pelo neurocirurgião Luiz Henrique Abad. Ele faz, em centro cirúrgico, o implante de um gerador, um pequeno aparelho similar a um marca-passo que, através de um condutor envia impulsos elétricos a eletrodos ligados ao nervo situado do lado esquerdo do pescoço, próximo da artéria carótida. O nervo vago é responsável por enviar impulsos elétricos às partes do cérebro. O equipamento ajuda a prevenir em torno de 70% das irregularidades elétricas que causam as crises. 

Para dar idéia da importância do recurso, há relatos de crianças, principalmente, beneficiadas com seu uso que tinham até 40 episódios por dia.

A estimulação magnética do equipamento é programada para ser acionada automaticamente sempre que há alterações orgânicas, aumento rápido do ritmo cardíaco, sinalizando uma crise iminente. Mas se o cuidador percebe que não detectou pode fazer a estimulação “sob demanda” com um ímã aproximado-o do gerador implantado no peito do paciente, ele fica numa espécie de pulseira e integra o kit do VNS.

 A terapia VNS tem registrado vantagens como redução das crises e de sua gravidade, além de crises mais curtas, recuperação mais rápida. Ela pode ajudar a reduzir a medicação e pacientes relatam melhora do estado de alerta, humor e memória, refletindo diretamente em sua qualidade de vida.

O VNS está sendo utilizado desde 2018 e já beneficiou mais de 85 mil pessoas em outros países. Em 2020 foi liberado pela Anvisa no Brasil e, no ano passado, entrou no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Tem um processo de liberação muito criterioso, em especial, por ser um material de alto custo.  

Como é o procedimento de implante da Terapia VNS:

•  Ele não requer cirurgia cerebral.

•  A cirurgia para implantação do gerador é simples, geralmente é realizada sob anestesia geral que pode requerer uma curta estadia no hospital.

•  Através de uma pequena incisão, o gerador de pulso é implantado sob a pele abaixo da clavícula ou da axila esquerda.

•  Uma segunda incisão pequena é efetuada no pescoço para fixar dois pequenos eletrodos ao nervo vago esquerdo. Os eletrodos são ligados ao gerador por um condutor sob a pele.

Cada procedimento é acompanhado por um técnico da empresa autorizada a distribuir o aparelho no país que, antes do implante e após a conexão com os eletrodos faz aferições de impedância..

Dr. Abad já realizou três procedimentos de implante do gerador no Monte Sinai e também tem recebido pacientes de outras cidades, todas crianças, mas pode ser implantado em qualquer idade.  O acompanhamento do paciente, após a alta do hospital, é feita pelo seu neuropediatra que vai ajustando as doses da terapia. Nem sempre ela inicia de imediato, pode demandar duas semanas de adaptação. E no uso contínuo, de alguns meses a dois anos para o resultado máximo.